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Mostrando postagens de junho, 2007

um brinde à ausência.

meu navio está partindo agora. se partindo ao meio, sem nunca ter deixado as docas. seu casco cai, atracado no cais do porto, desgastado em ferrugem pelo tempo, agora sangra em pó de ferro e se desfaz em finas partículas que tingem o oceano. o oceano que costumava ser azul, agora é vermelho. meu dever seria afundar com ele, deveria me jogar ao mar para submergirmos, mas creio que não valha a pena tamanho sacrifício por esse gigante que nem chegou a navegar. navegaríamos juntos. afundaríamos juntos. observo seu inevitável fim. aceno com a mão direita enquanto vejo lentamente o monstro de aço por mim construído, pelo tempo destruído, afundar na imensidão e no esquecimento. aceno e olho a cena. sei que não há nada mais para fazer agora, com a mão atada que diz adeus para a embarcação. a embarcação ancorada também não pode fazer nada para evitar seu destino. mãos metálicas ancoradas. aceno com saudade do que nunca aconteceu. o champagne estragado, nunca usado em sua viagem inaugural, perd

cabide vazio.

as traças não estão lá deixam apenas a poeira do que consumiram acúmulos do suéter velho pó sobre pó prova a inexistência das pobres traças que só têm a lã verde para consumir o verde mofado do não uso morfinismo entrelaçado entre os fios auto-consumo o vício pó o buraco na gola buraco negro buraco verde-musgo envelhecido buraco traiçoeiro tragando as traças as traças não estão lá os buracos sim estão as traças inexistentes sobreviverão? o verde, o suéter e o mofo não