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W.E.

depois daquelas vezes todas teve a vez de uma sereia tão pequena para um mar de bolinhas de coca-cola, no sol de uma tarde que parecia manhã. teve leezão antes disso, laço em uma das sete cabeças do VHS, com café bem forte pra enxaguar a boca do gosto de hortelã de ontem. as últimas vezes são às vezes na minha, às vezes nas suas, às vezes com rosa púrpura, com purpurina, mas sem cairo. teve almoço às sextas-feiras, às vezes de gravata, jantar ao amanhecer, às vezes café sem cafeína, sem cinema, sorvete ao sol, às vezes derretido, melancolia à sombra e a música do ano. teve autógrafo na televisão, teve um monte de gente da televisão deitada na cama do andy, sem madonna, e seis vezes em seis meses de pequenos vidros que brilharam no escuro, como monitores de plasma, de água do mar jogada de volta ao mar de volta ao mar de volta ao mar, águas profundas. teve visitas semestrais, algumas vezes menos, algumas vezes mais. algumas vezes era só por telefone, disque m. agora tem vertigem na sala

imersão.

dispersos e indiferentes, sem saber qual direção, não veem o raio verde submergir em um mar de gente distante. então ocorrem novamente afogamentos, e os mesmos naufrágios de antes, de sempre, para que eu me perca só, mais uma vez. só mais uma vez em uma multidão vazia, imerso em uma imensidão de camadas flutuantes. ondas luminosas sobrepostas que vem e recuam. e se vão, se perdem na estiagem, levando projetos de viagem para o fundo, para sempre. projetos em vão. afundo no seco, no vão vazio do banco da estação, com meus muitos planos não concretizados e viagens sem ida. o verão de partida me vê acabar como um raio sem cor em imersão.

delphine.

não sei fazer planos de viagem, mas vou. repleto de expectativa e incertezas, sem bússola, sem hora e local. um anseio imóvel em trilhos sem para onde, receio. você não é só férias, e aonde nunca realmente importou enquanto você estava lá. você foi e voltou sem volta. eu espero, sem desespero, o próximo trem. sem planos ou hora, sem saber se ainda. e se ainda te vir nessa estação, você tão imprevisível com todos os seus planos de incertezas, vagando em um outro vagão, aposto que é somente acaso. talvez improvisaríamos com descaso um breve e imprevisto adeus de verão. você é uma viagem de mais de um verão, sem ida. eu, partido de partidas, vou, mas te espero vagando pelas estações, por todos os verões tão vagos de você. não vou fazer planos de viagem, mas me vou. e quem sabe, em alguma dessas todas estações, poderemos ver le rayon vert submergindo, sem verões, praias ou afogamentos.

fim do oito sem fim.

a última elipse do oito, um resíduo minguante de duas luas cheias, gêmeas siamesas. uma única luz tímida neste quase sempre céu negro, salpicado de pó de cinza. à espera de estrelas de artifício eclodirem, seria difícil não notar o reluzente arco solitário se reduzindo, predizendo o nove, novo, que está por vir. o porvir parece imperfeito e incompleto. o nove assimétrico, com uma ponta que amedronta; uma afronta ao oito. oito infinito que hoje chega ao fim. um ano que girou em torno de órbitas com eixos deslocados, no qual o céu foi partido em oito partes diferentes para que pudéssemos ver que, lá de cima, existem mais estrelas espalhadas pelo chão do que podíamos imaginar. estrelas colossais que irradiam mais intensamente do que qualquer outra. estrelas palpáveis que jamais irão estar em minhas mãos, mas se encaixam perfeitamente em uma centelha do olhar. tivemos todas e nenhuma para comemorar. mas tivemos o que comemorar. e depois de tantas reviravoltas ao percorrer as duas circunfer