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um brinde com taças de areia.
(ou a mão que abre mão de acenar)

o mar colide em meus pés.
traz na secura da maré alta, os vestígios da ausência oxidada.
inconsistente aço enferrujado.

últimas gotas espumantes de gosto férrico.
que levam nossos nomes até o horizonte, intangível.
mãos vagas percorrem cascos de navios naufragados.
os cacos de areia perfuram os pés.

embarcações, que de tanto se perderem nesse imenso mar.
fizeram-me notar que já eramos náufragos, mesmo antes de navegar.

ninguém a bordo.
brindemos à viagem inaugural, sem navios.
com inconsistentes taças submersas na areia.
que nunca transbordam.

o mar recua no vidro arenoso.
a terra é firme, eu não.

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fim do oito sem fim.

a última elipse do oito, um resíduo minguante de duas luas cheias, gêmeas siamesas. uma única luz tímida neste quase sempre céu negro, salpicado de pó de cinza. à espera de estrelas de artifício eclodirem, seria difícil não notar o reluzente arco solitário se reduzindo, predizendo o nove, novo, que está por vir. o porvir parece imperfeito e incompleto. o nove assimétrico, com uma ponta que amedronta; uma afronta ao oito. oito infinito que hoje chega ao fim. um ano que girou em torno de órbitas com eixos deslocados, no qual o céu foi partido em oito partes diferentes para que pudéssemos ver que, lá de cima, existem mais estrelas espalhadas pelo chão do que podíamos imaginar. estrelas colossais que irradiam mais intensamente do que qualquer outra. estrelas palpáveis que jamais irão estar em minhas mãos, mas se encaixam perfeitamente em uma centelha do olhar. tivemos todas e nenhuma para comemorar. mas tivemos o que comemorar. e depois de tantas reviravoltas ao percorrer as duas circunfer