Pular para o conteúdo principal

fim do oito sem fim.

a última elipse do oito, um resíduo minguante de duas luas cheias, gêmeas siamesas. uma única luz tímida neste quase sempre céu negro, salpicado de pó de cinza. à espera de estrelas de artifício eclodirem, seria difícil não notar o reluzente arco solitário se reduzindo, predizendo o nove, novo, que está por vir. o porvir parece imperfeito e incompleto. o nove assimétrico, com uma ponta que amedronta; uma afronta ao oito.

oito infinito que hoje chega ao fim.

um ano que girou em torno de órbitas com eixos deslocados, no qual o céu foi partido em oito partes diferentes para que pudéssemos ver que, lá de cima, existem mais estrelas espalhadas pelo chão do que podíamos imaginar. estrelas colossais que irradiam mais intensamente do que qualquer outra. estrelas palpáveis que jamais irão estar em minhas mãos, mas se encaixam perfeitamente em uma centelha do olhar.

tivemos todas e nenhuma para comemorar. mas tivemos o que comemorar.

e depois de tantas reviravoltas ao percorrer as duas circunferências justapostas, depois de idas e voltas pelos oito continentes, voltamos diferentes a um novo começo. um começo que tivemos de aprender a admirar de novo, e torná-lo inesquecível como uma estrela morta que nos faz acreditar nela, ao ver seu brilho silencioso em um céu afônico. tivemos de apreender os astros com olhares inquietos, insaciáveis, mas sem frenesi ao devorarmos estrelas. e se antes, as buscávamos com fúria, hoje temos um banquete de pequenas constelações gigantescas, posto diante de nossos olhos.

um oito no qual couberam vários outros. outros ângulos de visão dos quais pudemos ver que o infinito sempre esteve lá. tivemos oito outros motivos para nos fazer acreditar que o infinito podia mesmo ser visto.

e este oito infinito ficou grande demais para deixarmos de devorar as estrelas com os olhos. mesmo sabendo que só nos restam estrelas artificiais.

champanhe, já é meia-noite.
as estrelas artificiais estouram, uma a uma. multicoloridas tingem o céu negro anunciando o final do oito. mas o final do oito são oito. são para sempre.
um princípio.
do fim.
do princípio.

uma reação em cadeia ocorre, iluminando o céu de infinitas tonalidades.
o oito se sobrepõe ao nove enquanto a supernova se espalha pelo céu.

o ano que não teria final, não se apaga.

Comentários

  1. ano novo, estrelas novas, e blog de cara nova. tá lindo!

    ResponderExcluir
  2. mauro, eu li aqui um dos textos mais lindos da minha vida.
    obrigado.

    ResponderExcluir
  3. blog lindo hein, fiotão!

    beijoooo

    sifuxipáaaa

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog